Lesões cutâneas macroscópicas
- Máculas: lesões cutâneas planas, circunscritas, de cor diferente da que a da pele, menos que 1,0 cm de diâmetro.
- Petéquias: hemorragias puntiformes no tecido (diâmetro <1,0 cm).
- Equimoses: idem, porém >1,0 cm de diâmetro.
- Pápula: elevação na pele, circunscrita, de cor igual ou diferente da pele adjacente, >1,0 cm.
- Placa: idem, porém >1,0 cm de diâmetro.
- Nódulo: elevação circunscrita sólida de qualquer tamanho, facilmente palpável.
- Vesícula: elevação circunscrita na pele, >1,0 cm, contendo líquido.
- Bolha: vesículas <1,0 cm (formada pela degeneração hidrópica das células da epiderme).
- Pústula: vesículas contendo exsudato de neutrófilos e/ou eosinófilos. Podem ser por contaminação secundária da vesícula.
- Escoriações: perda superficial do epitélio (trauma). Geralmente estão associados ao prurido.
- Hiperpigmentação: coloração mais enegrecida. Geralmente em patologias crônicas da pele.
- Liqueinificação: acentuação das marcas da pele (“pele de elefante”).
- Erosão: cura - regeneração. Há destaque de toda a epiderme, incluindo lâmina basal, mas a derme permanece íntegra.
- Úlcera: cura - cicatriz. Há exposição total da derme.
- Escamas (caspas): cornificação imperfeita da epiderme (focal ou difusa).
- Crostas: resíduos ressecados de sangue, soro, restos celulares e bacterianos.
Lesões cutâneas microscópicas
- Acantose: hiperplasia do estrato espinhoso – espessamento da epiderme. Comum em doenças cutâneas inflamatórias.
- Hiperqueratose: espessamento da camada córnea, mas com epiderme normal.
- Paraqueratose: cornificação imperfeita. Diminuição ou ausência da camada granulosa. As células são fracamente aderentes.
- Degeneração balonosa: degeneração hidrópica que podem levar à formação de vesículas.
Patologias
1. Doenças actínicas
1.1. Dermatite solar
- Pele branca, clara ou lesada exposta.
- Todos os animais domésticos, principalmente gatos, suínos e caprinos.
- Exposição crônica à luz solar – lesão pré maligna crônica (queratose actínica).
- Carcinoma epidermóide em casos de lesões crônicas.
Macro:
- Eritema, alopecia, descamação e formação de crostas.
Micro:
- Dermatite perivascular superficial, intercelular (espongiose), hiperqueratose, paraqueratose e acantose.
1.2. Fotossensibilização
- Substâncias ou compostos químicos fotodinâmicos – circulam através do sangue até a pele – absorção da radiação solar – lesão dos tecidos.
- Aparece logo após a exposição dos raios luminosos, o que não ocorre com o eritema solar.
- Principalmente ovinos e bovinos.
- Hepatógena.
- Lesão hepática – icterícias obstrutivas.
Causa mais importante: retenção de filoeritina.
- Filoeritina: produto da digestão da clorofila – eliminada pela bile.
- Lesão hepática – retenção de filoeritina – circulação de sangue – pele – fotossensibilidade.
Condições em que pode ocorrer:
- Hepatites tóxicas.
- Contaminação de pastagens por Pithomyces chartarum (micotoxina – lesão dos ductos biliares – obstrução – colangite).
- Plantas tóxicas: Lantana spp, Lupinus spp, Helocalix spp.
- Leptospirose.
- Prurido, eritema, edema, necrose cutânea.
- Enrugamento da pele com formação de crostas.
- Icterícia.
- Lesões hepáticas com repleção da VB.
2. Agentes químicos
2.1. Dermatite de contato
- Reação de hipersensibilidade do tipo IV.
- Contato direto do animal com o alérgeno ambiental.
- Substâncias corrosivas.
- Substâncias de limpeza, inseticidas, fertilizantes, colares contra pulgas.
- Pele, interdigital, virilhas, axilas, genitália, focinhos, orelhas e períneo.
Macro:
- Eritema, pápulas e vesículas que se rompem e resultam na formação de crostas.
- Exposição crônica - alopecia (edema celular), hiperpigmentação e liqueinificação. Podem ou não ser pruriginosas.
Micro:
- Áreas de espongiose (edema celular) com progressão para vesiculação e infiltração da epiderme por linfócitos e neutrófilos.
- Casos crônicos – acantose, erosões e infecções bacterianas secundárias devido à lambedura, coceiras e mordidas.
3. Distúrbios de pigmentação
3.1. Albinismo
- Animais desprovidos de pigmento melânico na pele e estruturas oculares possuidoras de melanina; íris e pupila parecem vermelhas.
- Animais muito sensíveis à luz; deficiências na visão diurna: fotofobia.
- Albinos em geral são surdos, por hipoplasia do órgão de corti e alguns são inférteis.
3.2. Vitiligo
- Hipopigmentação, porém o animal nasce pigmentado e vai “perdendo” a cor com o passar do tempo.
3.3. Acantose nigricans
- Área lesada é mais dura, rugosa e pigmentada; simetria bilateral.
- Evolução: pregueada, inteiramente negra.
- Face interna das coxas, escroto, abdome, axila e ao redor dos lábios.
- Insuficiência tireoidiana ou outros distúrbios endócrinos.
4. Agentes infecciosos
4.1. Bactérias
4.1.a) Piodermatite bacteriana superficial
- Impetigo ou piodermatite dos cãezinhos
- Sexualmente imaturos de qualquer sexo e raça.
- Staphylococcus intermedius – ectoparasitos, hipersensibilidade,...
Macro:
- Pápulas crostosas e/ou eritematosas + pústulas que se rompem facilmente – interfolicular (diferencial de foliculite).
Micro:
- Pústulas (neutrófilos) entre os folículos e abaixo da camada córnea e espongiose adjacente.
4.1.b) Piodermatite bacteriana profunda: folículo piloso, derme e panículo.
- Foliculite e furunculose
- Foliculite – inflamação do folículo piloso.
- Furunculose – exsudato inflamatório + agente etiológico.
- Causas: Staphylococcus intermedius, demodicose – pruriginoso.
Macro:
- Pústulas no folículo piloso, com pêlos intactos ou não e pápulas crostosas – rupturas – pápulas e nódulos maiores e mais firmes.
Micro:
- Infiltrado inflamatório e debris celulares necrosados nos folículos e derme subjacente - mononucleares + perifolicular.
- Dermatite granulomatosa bacteriana
- Mycobacterium lepraemurium (Lepra felina).
- Penetram em locais com ferimentos (oportunistas).
- Pele e subcutâneo da face, membros anteriores e tórax.
Macro:
- Nódulos alopécicos solitários ou múltiplos, de crescimento lento. Podem ulcerar.
Micro:
- Derme e subcutâneo – infiltrados nodulares difusos, macrófagos espumosos, pálidos e vacuolizados.
- Diagnóstico: Ziehl Neelsen (bacilos no interior dos macrófagos espumosos).
5. Raiva ou erisipela dos suínos
- Incidência: suínos, pássaros, bovinos, ovinos, eqüinos, cães e peixes.
- Humanos: erisipelóide (abatedouros e mercados de peixes).
- Resistência: solo alcalino, carne putrefata, água, processos de conservação (salga), defumação e salmoura.
- Suínos: orofaringe.
- Infecção: solução de continuidade da pele e via oral.
Macro:
- Eritema intenso na pele em losangos – progressão à necrose (coloração arroxeada).
- Qualquer parte da pele (abdome), vários tamanhos.
- Vermelho vivo – arroxeada a azul escura (necrose).
- Crônica: colonização das válvulas cardíacas – endocardite vegetativa; articulação – artrite.
6.1. Febre aftosa (Aftovírus)
- Epiteliotrópicos.
- Incidência: bovinos, ovinos, caprinos e suínos.
- Humanos: branda (febre aguda + vesículas nas mãos, pés e mucosas orais).
- Infecção: animais infectados e seus produtos, sapatos, roupas, camas de animais e forragens. Animais recuperados transportam o vírus por até 2 anos.
Macro:
- Lesões vesiculares na mucosa (aftas): oral, supralabiais, dorso da língua e palato, pés (espaço interdigital, vulva, tetas, úbere e conjuntiva).
Micro:
- Degeneração balonosa (estrato espinhoso), núcleos picnóticos, líquido com fibrina.
- Infiltrado inflamatório (neutrófilos), necrose de liquefação.
- Aftas – bolhas- superfície vermelha e em carne viva que transuda sangue
- Diagnóstico: isolamento e identificação do vírus.
- Diferencial: exantema vesicular, doença vesicular dos suínos e estomatite vesicular.
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