Anatomia Patológica Veterinária
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quarta-feira, 3 de agosto de 2011
Patologias de Pele e Anexos 2
7. Fungos
7.1. Micose cutânea
7.1.a) Dermatofitose
Macro:
Micro:
7.1. Micose cutânea
7.1.a) Dermatofitose
- Tinha ou Tínea
- Tricophyton sp, Microsporum sp, Epidermophyton sp, Achorium sp.
- Infecção: contato com indivíduos infectados e fômites.
- Animais < > humanos.
- Incidência: animais jovens.
- Infecção das células queratinizadas do estrato córneo, pêlos e unhas, superficialmente.
Macro:
- Pêlos quebradiços, alopecia, crostas secas e escamosas, lesões circunscritas. Remoção dos pêlos da área lesionada: pele vermelha, em carne viva e com sangue.
Micro:
- Estruturas arredondadas ao longo do folículo piloso e superfície (camada córnea).
- Diagnóstico: colorações especiais – identificação do fungo; Lâmpada de Wood; biópsia de pele.
7.1.b) Dermatomicose
Candidíase
- Cândida albicans.
- Micoses superficiais das membranas mucosas.
- Incidência: aves (boca, esôfago, papo e proventrículo), mamíferos (mucosa oral).
- Animais jovens e debilitados.
Macro:
- Piodermatite das pregas labiais e dermatite mucocutânea; lesões úmidas, eritematosas, erosivas e freqüentemente crostosas. Prurido intenso.
Malassezia pachydermatis
- Oportunista do conduto auditivo externo, reto e vagina.
- Altamente pruriginosa e resistente aos glicocorticóides.
Macro:
- Eritema variável e descamação gordurosa amarela ou acinzentada, hiperpigmentação e alopecia.
- Citologia: fungo em formato de pegadas de sapato (leveduras com brotamento).
7.2. Micose subcutânea
a) Esporotricose
- Sporothrix schenckii.
- Solo, madeira, matéria orgânica, vegetais em decomposição.
- Incidência: gatos (transmitem para o homem), cães e eqüinos.
Micro:
- Formas arredondadas, em forma de charuto.
- Forma cutânea (face): nódulos subcutâneos simples ou múltiplos, consistência firme, com tendência a ulcerar, exsudato purulento espesso. Diagnóstico diferencial para neoplasias (carcinoma epidermóide).
- Forma cutâneo linfática (eqüinos e cães): nódulos esféricos firmes, disseminação pelos vasos linfáticos, formando cordões com nódulos secundários que ulceram – pus acastanhado e espesso.
- Forma sistêmica (gatos): lesões disseminadas (órgãos).
- Animais infectados: manipulação com luvas de borracha e mãos lavadas com fungicidas.
- Citologia: hemácias, macrófagos repletos de leveduras arredondadas ou em forma de charuto.
- Histopatologia: reação inflamatória piogranulomatosa com grande quantidade de neutrófilos e macrófagos. Leveduras arredondadas dispersas no tecido ou no interior dos macrófagos. Só é possível a visualização com coloração especial.
7.3. Micose sistêmica
a) Criptococose
- Criptococcus neoformans (esterco de aves).
- Infecção: inalação.
- Oportunista: animais imunocomprometidos.
- Predomínio: sistema respiratório e SNC.
- Gatos: SNC, olhos, pele da cabeça e pescoço; disseminação hematógena ou linfática.
Macro:
- Nódulos múltiplos indolores, achatados, firmes e com crescimento bastante rápido na derme e subcutâneo; tamanho variado.
- Ulceração: exposição da superfície granular com escasso exsudato soro hemorrágico, que não cicatriza.
Micro:
- Nódulos granulomatosos (macrófagos e células epitelióides).
- Diagnóstico diferencial para esporotricose e neoplasias.
8. Parasitos
8.1. Sarnas
8.1.a) Sarcóptica ou escabiose
- Sarcoptes scabiei.
- Escava partes profundas do estrato córneo.
- Prurido intenso, hiperqueratose, acantose, alopecia.
- Coceira – perda do epitélio e infecção secundária.
8.1.b) Notoédrica
- Notoedres cati.
- Lesões: orelha, face, pescoço, mas podem generalizar.
8.1.c) Psoróptica
- Psoroptes equi.
- Não escavam – ficam na superfície.
8.1.d) Otodécica
- Otodectes cynotis.
- Conduto auditivo e raramente outros locais.
- Prurido intenso.
8.1.d) Demodécica
- Demodex sp.
- Transmissão: contato direto.
- Forma de charuto, parasitam os folículos pilosos e glândulas sebáceas (escavação).
- Prurido (exsudação de soro e formação de crostas), alopecia e descamação da epiderme.
Micro:
- Foliculite e dermatite (piogranulomatosas).
8.2. Carrapatos
- Macro: eritema ao redor dos carrapatos – prurido e autotrauma.
- Transmissão de patógenos.
8.3. Miíases
- Macro: larvas de moscas digerindo tecidos vivos.
8.4. Berne
- Dermatobia hominis.
- Macro: poro – tumoração dolorosa com orifício, contendo larva no interior.
8.5. Leishmaniose
- Citopatologia: macrófagos com amastigotas.
8.6. Pulgas
- Prurido, eritema, pápulas crostosas, alopecia (casos severos), hiperpigmentação e liqueinificação.
8.7. Helmintos
- Habronemose (Feridas de Verão ou Esponja)
- Macro: lesão de aspecto esponjoso (granuloso), mole, de coloração avermelhada, ulcerada (superficial) e de difícil cicatrização, exsudato seroso.
- Partes inferiores dos membros anteriores, peito, canto medial do olho e prepúcio.
9. Doenças imunológicas
9.1. Reação de hipersensibilidade
9.1 a) Atopia
- Hipersensibilidade tipo I a alérgenos inaláveis (pólen) ou absorvíveis.
- Cães Pastor Alemão, Boxer, Labrador, Poodle, Golden, Dálmata, Pug, Lhasa Apso.
- Liberação de histamina – prurido, vasodilatação – edema, eritema, dermatite, piodermatite, hiperpigmentação e seborréia secundária.
- Micro: infiltrado inflamatório perivascular superficial de linfócitos, macrófagos, mastócitos, neutrófilos (infecção secundária).
- Localização: patas, região periocular, focinho, axilas, virilhas e face.
9.1. b) Alergia alimentar
- Hipersensibilidade tipo I (principalmente), III e IV.
- Alimento ingerido age como alérgeno – absorção intestinal – manifestação na pele.
- Pápulas eritematosas, crostas e erosões no abdome e axila.
- Diagnóstico diferencial para dermatite atópica, dermatite por pulgas, dermatite miliar.
- Micro: infiltrado inflamatório perivascular superficial e profunda com linfócitos, plasmócitos, eosinófilos e mastócitos que podem se difundir. Edema dérmico. Neutrófilos em casos de infecção secundária.
- Obs.: o envolvimento da derme profunda e a presença de eosinófilos são achados que diferenciam alergia alimentar e atopia.
9.1.c) Dermatite alérgica induzida por pulgas
- Animais sensibilizados pela saliva (alérgeno).
- Hipersensibilidade tipo I: Ac (IgE) e tipo IV (linfócitos T sensibilizados).
- Lesões na região dorso lombo sacral, base da cauda, períneo, região interna e caudal da coxa.
- Gatos: cabeça e pescoço. Nos casos graves as lesões podem generalizar.
- Macro: pápulas eritematosas, pústulas, crostas, erosões úmidas e alopecia. Crônica: alopecia, formação de crostas, liqueinificação e hiperpigmentação.
- Micro: infiltrados superficiais perivasculares ou difusos, com eosinófilos, mastócitos, linfócitos e macrófagos; às vezes edema. Neutrófilos em infecção bacteriana secundária.
10. Neoplasias
10.1. Melanoma
- Maligno de melanócitos.
- Grande pleomorfismo e variação do padrão de crescimento.
- Metastático, infiltrativo.
- Melanótico, amelanótico ou misto.
- Macro: cor intensamente negra, pelo pigmento escuro, que pode difundir-se do tumor para qualquer meio aquoso com o qual a superfície de corte entre em contato.
- Micro: células com coloração acastanhada, pleomorfismo intenso.
10.2 Sarcóide eqüino
- Pele espessada (acantose), úlcera. Não metastático.
- Tumor com células fusiformes.
10.3. Mastocitoma
- Neoplasia cutânea mais frequente no cão.
- Cão: parte posterior do corpo, flanco, escroto, região perineal e extremidades.
- Gato: cabeça e pescoço.
- Massas cutâneas salientes, eritema, edema e úlcera (liberação de histamina). Localmente infiltrativo. São comuns sinais paraneoplásicos (histamina e heparina); ulceração gástrica e duodenal, transtornos de coagulação e glomerulonefrite.
10.4. Carcinoma epidermóide
- Sinonímia: carcinoma de células escamosas.
- Queratose actínica – raios solares constantes – carcinoma epidermóide.
- Comum em animais despigmentados, brancos.
- Solitários, erosivos (lesões crostosas, rasas, úlceras profundas).
- Baixo potencial metastático, mas localmente infiltrativo.
- Micro: ilhas de células epiteliais (com queratinização central) invadindo a derme.
10.5. Linfoma
- Epiteliotrópica: linfócitos neoplásicos “dissecam” epiderme na junção derme-epiderme, causando destacamento da epiderme e ulceração.
Patologias de Pele e Anexos
Dermatopatologias
Lesões cutâneas macroscópicas
Lesões cutâneas macroscópicas
- Máculas: lesões cutâneas planas, circunscritas, de cor diferente da que a da pele, menos que 1,0 cm de diâmetro.
- Petéquias: hemorragias puntiformes no tecido (diâmetro <1,0 cm).
- Equimoses: idem, porém >1,0 cm de diâmetro.
- Pápula: elevação na pele, circunscrita, de cor igual ou diferente da pele adjacente, >1,0 cm.
- Placa: idem, porém >1,0 cm de diâmetro.
- Nódulo: elevação circunscrita sólida de qualquer tamanho, facilmente palpável.
- Vesícula: elevação circunscrita na pele, >1,0 cm, contendo líquido.
- Bolha: vesículas <1,0 cm (formada pela degeneração hidrópica das células da epiderme).
- Pústula: vesículas contendo exsudato de neutrófilos e/ou eosinófilos. Podem ser por contaminação secundária da vesícula.
- Escoriações: perda superficial do epitélio (trauma). Geralmente estão associados ao prurido.
- Hiperpigmentação: coloração mais enegrecida. Geralmente em patologias crônicas da pele.
- Liqueinificação: acentuação das marcas da pele (“pele de elefante”).
- Erosão: cura - regeneração. Há destaque de toda a epiderme, incluindo lâmina basal, mas a derme permanece íntegra.
- Úlcera: cura - cicatriz. Há exposição total da derme.
- Escamas (caspas): cornificação imperfeita da epiderme (focal ou difusa).
- Crostas: resíduos ressecados de sangue, soro, restos celulares e bacterianos.
Lesões cutâneas microscópicas
- Acantose: hiperplasia do estrato espinhoso – espessamento da epiderme. Comum em doenças cutâneas inflamatórias.
- Hiperqueratose: espessamento da camada córnea, mas com epiderme normal.
- Paraqueratose: cornificação imperfeita. Diminuição ou ausência da camada granulosa. As células são fracamente aderentes.
- Degeneração balonosa: degeneração hidrópica que podem levar à formação de vesículas.
Patologias
1. Doenças actínicas
1.1. Dermatite solar
- Pele branca, clara ou lesada exposta.
- Todos os animais domésticos, principalmente gatos, suínos e caprinos.
- Exposição crônica à luz solar – lesão pré maligna crônica (queratose actínica).
- Carcinoma epidermóide em casos de lesões crônicas.
Macro:
- Eritema, alopecia, descamação e formação de crostas.
Micro:
- Dermatite perivascular superficial, intercelular (espongiose), hiperqueratose, paraqueratose e acantose.
1.2. Fotossensibilização
- Substâncias ou compostos químicos fotodinâmicos – circulam através do sangue até a pele – absorção da radiação solar – lesão dos tecidos.
- Aparece logo após a exposição dos raios luminosos, o que não ocorre com o eritema solar.
- Principalmente ovinos e bovinos.
- Hepatógena.
- Lesão hepática – icterícias obstrutivas.
Causa mais importante: retenção de filoeritina.
- Filoeritina: produto da digestão da clorofila – eliminada pela bile.
- Lesão hepática – retenção de filoeritina – circulação de sangue – pele – fotossensibilidade.
Condições em que pode ocorrer:
- Hepatites tóxicas.
- Contaminação de pastagens por Pithomyces chartarum (micotoxina – lesão dos ductos biliares – obstrução – colangite).
- Plantas tóxicas: Lantana spp, Lupinus spp, Helocalix spp.
- Leptospirose.
- Prurido, eritema, edema, necrose cutânea.
- Enrugamento da pele com formação de crostas.
- Icterícia.
- Lesões hepáticas com repleção da VB.
2. Agentes químicos
2.1. Dermatite de contato
- Reação de hipersensibilidade do tipo IV.
- Contato direto do animal com o alérgeno ambiental.
- Substâncias corrosivas.
- Substâncias de limpeza, inseticidas, fertilizantes, colares contra pulgas.
- Pele, interdigital, virilhas, axilas, genitália, focinhos, orelhas e períneo.
Macro:
- Eritema, pápulas e vesículas que se rompem e resultam na formação de crostas.
- Exposição crônica - alopecia (edema celular), hiperpigmentação e liqueinificação. Podem ou não ser pruriginosas.
Micro:
- Áreas de espongiose (edema celular) com progressão para vesiculação e infiltração da epiderme por linfócitos e neutrófilos.
- Casos crônicos – acantose, erosões e infecções bacterianas secundárias devido à lambedura, coceiras e mordidas.
3. Distúrbios de pigmentação
3.1. Albinismo
- Animais desprovidos de pigmento melânico na pele e estruturas oculares possuidoras de melanina; íris e pupila parecem vermelhas.
- Animais muito sensíveis à luz; deficiências na visão diurna: fotofobia.
- Albinos em geral são surdos, por hipoplasia do órgão de corti e alguns são inférteis.
3.2. Vitiligo
- Hipopigmentação, porém o animal nasce pigmentado e vai “perdendo” a cor com o passar do tempo.
3.3. Acantose nigricans
- Área lesada é mais dura, rugosa e pigmentada; simetria bilateral.
- Evolução: pregueada, inteiramente negra.
- Face interna das coxas, escroto, abdome, axila e ao redor dos lábios.
- Insuficiência tireoidiana ou outros distúrbios endócrinos.
4. Agentes infecciosos
4.1. Bactérias
4.1.a) Piodermatite bacteriana superficial
- Impetigo ou piodermatite dos cãezinhos
- Sexualmente imaturos de qualquer sexo e raça.
- Staphylococcus intermedius – ectoparasitos, hipersensibilidade,...
Macro:
- Pápulas crostosas e/ou eritematosas + pústulas que se rompem facilmente – interfolicular (diferencial de foliculite).
Micro:
- Pústulas (neutrófilos) entre os folículos e abaixo da camada córnea e espongiose adjacente.
4.1.b) Piodermatite bacteriana profunda: folículo piloso, derme e panículo.
- Foliculite e furunculose
- Foliculite – inflamação do folículo piloso.
- Furunculose – exsudato inflamatório + agente etiológico.
- Causas: Staphylococcus intermedius, demodicose – pruriginoso.
Macro:
- Pústulas no folículo piloso, com pêlos intactos ou não e pápulas crostosas – rupturas – pápulas e nódulos maiores e mais firmes.
Micro:
- Infiltrado inflamatório e debris celulares necrosados nos folículos e derme subjacente - mononucleares + perifolicular.
- Dermatite granulomatosa bacteriana
- Mycobacterium lepraemurium (Lepra felina).
- Penetram em locais com ferimentos (oportunistas).
- Pele e subcutâneo da face, membros anteriores e tórax.
Macro:
- Nódulos alopécicos solitários ou múltiplos, de crescimento lento. Podem ulcerar.
Micro:
- Derme e subcutâneo – infiltrados nodulares difusos, macrófagos espumosos, pálidos e vacuolizados.
- Diagnóstico: Ziehl Neelsen (bacilos no interior dos macrófagos espumosos).
5. Raiva ou erisipela dos suínos
- Incidência: suínos, pássaros, bovinos, ovinos, eqüinos, cães e peixes.
- Humanos: erisipelóide (abatedouros e mercados de peixes).
- Resistência: solo alcalino, carne putrefata, água, processos de conservação (salga), defumação e salmoura.
- Suínos: orofaringe.
- Infecção: solução de continuidade da pele e via oral.
Macro:
- Eritema intenso na pele em losangos – progressão à necrose (coloração arroxeada).
- Qualquer parte da pele (abdome), vários tamanhos.
- Vermelho vivo – arroxeada a azul escura (necrose).
- Crônica: colonização das válvulas cardíacas – endocardite vegetativa; articulação – artrite.
6.1. Febre aftosa (Aftovírus)
- Epiteliotrópicos.
- Incidência: bovinos, ovinos, caprinos e suínos.
- Humanos: branda (febre aguda + vesículas nas mãos, pés e mucosas orais).
- Infecção: animais infectados e seus produtos, sapatos, roupas, camas de animais e forragens. Animais recuperados transportam o vírus por até 2 anos.
Macro:
- Lesões vesiculares na mucosa (aftas): oral, supralabiais, dorso da língua e palato, pés (espaço interdigital, vulva, tetas, úbere e conjuntiva).
Micro:
- Degeneração balonosa (estrato espinhoso), núcleos picnóticos, líquido com fibrina.
- Infiltrado inflamatório (neutrófilos), necrose de liquefação.
- Aftas – bolhas- superfície vermelha e em carne viva que transuda sangue
- Diagnóstico: isolamento e identificação do vírus.
- Diferencial: exantema vesicular, doença vesicular dos suínos e estomatite vesicular.
terça-feira, 2 de agosto de 2011
Patologias dos Órgãos Hemolinfopoiéticos
Nódulos esplenóides
Sinonímia: nódulos hemáticos, nódulos hemolinfóides, gânglios hemolinfáticos
São encontrados em ruminantes, equinos e primatas. A arquitetura lembra a dos linfonodos, com folículos linfóides e seios, exceto por os seios serem preenchidos com sangue. Alguns autores consideram essas estruturas como "baços miniaturas". Fazem eritrofagocitose, filtram o sangue e removem eritrócitos senescentes. São do tamanho de uma ervilha e redondos.
Na babesiose bovina estes nódulos tendem a aumentar de tamanho.
Obs.: Os nódulos esplenóides não são uma patologia.
Patologias dos Órgãos Hemolinfopoiéticos
Linfonodos
Alterações Cadavéricas
Alterações Cadavéricas
- Amolecimento – muitas horas após a morte.
- Gânglios mesentéricos – escuro ou esverdeado (sulfametahemoglobina) – localizados próximos ao intestino – após a morte: reação da hemoglobina presente nos linfonodos (por lise das hemácias) com o hidrogênio sulfuroso das bactérias putrefativas – sulfametahemoglobina – cor verde.
1. Alterações nutritivas e de pigmentação
1.1. Gordura (animais obesos)
- Suínos- linfonodos mesentéricos – infiltração gordurosa.
- Vacas em lactação – linfonodos retromamários.
1.2. Sangue e hemossiderina
- Hemorragias:
- Adjacentes – processos anêmicos (anemias hemolíticas).
- Locais – carbúnculo hemático.
1.3. Antracose
- Extrema poluição (grandes centros urbanos) – pigmento de carbono nos alvéolos pulmonares – sistema retículo fagocitário (macrófagos alveolares) fagocitam fuligem e carbono e os carreiam para linfonodos, via sistema linfático, onde eles são debelados sem causar nenhum problema maior (geralmente).
1.4. Pigmentação na fasciolose hepática
- Bovinos.
- Linfonodos periportais e mesentéricos com pigmento biliar.
- Hipertrofia ganglionar.
- Amarelo-esverdeado.
1.5. Enfisema mesentérico
- Suínos clinicamente sadios – não se observa sintomatologia.
- Fermentação da lactose (por bactérias no tubo digestivo) – ar nos linfonodos (ar como corpo estranho).
- Macro:linfonodos volumosos, esponjosos, crepitantes ao corte.
- Micro: bolhas de ar como corpo estranho.
2. Alterações inflamatórias
2.1. Adenites ou linfadenite
- Exaltação da atividade ganglionar: linfonodo com reação mais aguda pelo processo inflamatório.
- Classificação:
2.1.a) Linfadenite hiperplásica
- Muito freqüente.
- Aumento de volume do órgão.
- Gânglio hiperêmico (por aumento do fluxo sanguíneo).
- Superfície de corte úmida.
- Cor vermelha parda uniforme ou manchada com pontos lardáceos (folículos linfóides).
Micro:
- Hiperemia.
- Exsudação leucocitária.
- Descamação e proliferação do endotélio.
- Macrófagos em grandes quantidades.
- Linfoblastos.
- Figuras de mitose.
- Folículos aumentados de tamanho e seus centros germinativos tomados com linfoblastos na região cortical e medular.
- Ex.: Febre catarral maligna (bovinos).
2.1.b) Purulentas
- Microorganismos purulentos (piogênicos).
- Pode comprometer parte ou todo o gânglio.
- Cápsula dura ao corte.
- Conteúdo cremoso.
Micro:
- Infiltração leucocitária.
- Derrames hemorrágicos.
- Proliferação cicatricial – tecido conjuntivo fibroso.
- Ex.: Garrotilho.
2.1.c) Hemorrágicas
- Hiperemia é uma alteração dominante.
- Derrames hemorrágicos – hemácias no meio extravascular e hemossiderina.
2.1.d) Fibrinosas
- Inflamação fibrinosa em órgãos circunvizinhos.
- Fibrinas e glóbulos vermelhos.
2.1.e) Necrótico hemorrágica
- Carbúnculo hemático.
- Inicialmente hemorrágica e secundariamente necrótica.
- Aumento de volume.
- Enegrecido.
- Superfície de corte úmida.
Micro:
- Hiperemia, hemorragia, necrose (halo leucocitário).
- Bacillus anthracis está presente.
- Tecido fibroso nos focos de necrose.
3. Inflamações específicas
3.a) Tuberculose
- Bovinos (bronquiais, mediastínicos, periportais, pescoço e mesentéricos).
- Bezerros (gânglios do tubo digestivo e fígado).
- Suínos.
Macro:
- Aumento de volume.
- Superfície de corte seca.
- Focos de caseificação distrófica (rangem ao corte).
Micro:
- Necrose de caseificação.
- Infiltrado inflamatório.
- Células epitelióides (macrófagos mais alongados).
- Pode-se encontrar calcificação distrófica.
- Células gigantes (macrófagos fundem o citoplasma – células maiores, com maior capacidade de fagocitose).
3.b) Paratuberculose
- Gânglios mesentéricos.
- Hipertrofia.
- Cortical e medular indistintas – folículo linfóide em todo o órgão.
Micro:
- Proliferação de células epitelióides, mais volumosas que as da tuberculose, tanto nos seios quanto no tecido linfóide.
- Presença de Mycobacterium johrei.
- Não há formação de necrose.
3.c) Mormo
- Resposta de gânglios satélites.
- Nódulos com centro amarelo opaco.
- Cápsula branca acinzentada.
Micro:
- Necrose.
- Exsudação.
- Processo inflamatório.
- Células epitelióides e gigantes.
3.d) Linfadenite caseosa dos ovinos
- Corynebacterium ovis.
- Gânglios superficiais.
- Aumento de volume.
- Focos de necrose (material caseoso com aspecto de cebola ao corte transversal).
4. Linfossarcoma
- É uma neoplasia linfoide que se origina de um órgão hematopoiético sólido (linfonodo, baço ou fígado).
- Nos gatos está associado ao retrovírus (FeLV)
- Nos cães é mais frequente em animais de meia idade a idosos, sem uma etiologia determinada.
Baço
Alterações cadavéricas
- Amolecimento da polpa do baço após algumas horas.
- Involução senil: menos volumoso, cápsula bastante rugosa (perda de polpa vermelha principalmente e presença de tecido conjuntivo fibroso).
1. Defeitos congênitos
1.1. Aplasias e hipoplasias
- Muitas vezes nada apresentam do ponto de vista clínico – animais sobrevivem normalmente sem o baço.
1.2. Baço sucenturiato
- Funcional: presente em outras regiões, principalmente no epíplon.
- Não é comum.
1.3. Baço duplo
- Suínos e bovinos.
- Tem que possuir hilo vascular com veias e artérias próprias – também é funcional.
- Acoplado ao outro baço, que é normal.
- Não é comum.
2. Torção
- Suínos e cães.
- Ligamento gastro esplênico é longo e frouxo.
- Todo o órgão ou metade inferior (infarto hemorrágico – comprime veia e o sangue fica retido no vaso).
- No cão a torção do baço geralmente acompanha a do estômago.
3. Rupturas
3.1. Ações traumáticas
- Atropelamentos e quedas (hemorragias, hemoperitônio e anemia aguda).
3.2. Espontânea
- Linfoma maligno (bovinos) e amiloidose (equinos).
4. Distúrbios nutritivos
4.1. Atrofia
- Senilidade e caquexia.
- Tamanho diminuído e diminuição da função (e não ausência).
- Cápsula rugosa.
Micro:
- Diminuição do corpúsculo de Malpighi.
- Diminuição da polpa vermelha.
- Trabéculas espessadas – fibras reticulares que partem da cápsula e entremeiam o órgão.
4.2. Calcificação da cápsula
- Bovinos e cães.
- Lesão visível ao microscópio.
- Causa desconhecida.
- São focais.
4.3. Hemossiderina
- Fisiológico (hemocaterese).
- Aumento nas afecções que acompanham forte destruição eritrocitária (carbúnculo hemático).
- Macroscopicamente o pigmento pode ser revelado pelo azul da Prússia.
5. Distúrbios circulatórios
5.1. Hiperemia passiva
- Cirrose hepática.
- Trombose ou compressão da veia esplênica.
- Insuficiência cardíaca congestiva.
Macro:
- Aumento de volume.
- Cheio de sangue (estase sangüínea).
- Endurecimento principalmente da cápsula (proliferação do conjuntivo).
Micro:
- Distensão dos seios capilares por sangue.
- Hiperplasia endotelial (fica semelhante ao epitélio cúbico).
- Fibrose da polpa.
- Hemossiderose.
5.2. Infartos
- Necrose isquêmica.
- Embolias da artéria esplênica e seus ramos.
- Endocardites.
- Totais ou parciais.
- Sépticos ou assépticos.
- Anêmico (artéria) ou hemorrágico (veia).
- Cor cinza-amarelada sem brilho, circundada por um halo hemorrágico-hiperêmico.
- Fibrose do tecido necrosado.
5.3. Hemorragias
- Hematomas na cápsula do órgão.
- Nódulos escuros que fazem protusão através da cápsula.
- Geralmente de origem traumática.
6. Inflamações
6.1. Esplenite hiperêmica
- Aumento do volume com cápsula lisa e tensa.
- Cor vermelha escura.
- Polpa amolecida, deixando fluir sangue.
6.2. Esplenite supurada
- Bactérias piogênicas.
7. Esplenomegalias
- Bovinos.
- Acomete 90% dos animais.
- Ao corte é firme com consistência de borracha.
- A polpa apresenta pontos esbranquiçados.
- Microscopicamente os pontos brancos são caracterizados como focos de necrose causados pela toxina.
8. Tristeza parasitária
- Aumento do peso do órgão.
- Tensão da cápsula e arredondamento das bordas.
- Polpa escura e amolecida (geléia de amora).
9. Tumores
9.1. Hemangiossarcomas
- Cão – relativamente comum.
- Células endoteliais – epitélio vascular.
- Massas vermelhas escuras são protuberantes no órgão.
- Neoplasia primária mais frequente no baço.
- Maligno.
Timo
1. Distúrbios inflamatórios degenerativos
- Causas:
- Agentes infecciosos.
- Toxinas.
- Neoplasias.
- Má nutrição.
- Resultam em graus variados de imunodeficiência.
2. FIV
- Infectam linfócitos T.
- CD4 reduzido.
- Reversão no quociente CD4/CD8.
- Atrofia do timo e linfonodos.
3. Neoplasias
3.1. Linfossarcoma tímico
- Principalmente bovinos e gatos.
- Grande massa na cavidade torácica.
- Cor branca acinzentada.
- Aspirado com grande quantidade de linfócitos neoplásicos com figuras de mitose.
Patologias do Sistema Locomotor
1.Distrofia muscular
3. Hiperplasia
- Distúrbio muscular primário hereditário das fibras musculares.
- Ausência de regeneração efetiva das fibras lesionadas seguindo-se de degeneração e atrofia – substituição com tecido adiposo e tecido conjuntivo colágeno.
- Homens e Goldens Retrivers.
- Ligado ao cromossomo X, causando deficiência de distrofina – cada fascículo é envolvido por espessa camada de epimísio.
- Acomete humanos, camundongos, hamsters, cães machos, galinhas, perus e martas.
3. Hiperplasia
- Também chamada de músculos duplos.
- É o aumento da massa muscular, costuma ocorrer em ovinos e bovinos. Ocorre o aumento do número de fibras mais as dimensões de cada fibra permanecem normais.
4. Distúrbios do crescimento
4.1. Atrofia
Causas:
- Denervação – ausência do impulso nervoso para estimular contração.
- Desuso – sem estímulos para uso do membro – ex. imobilização de membros.
- Caquexia e emaciação – aumento do catabolismo muscular, para utilização como fonte energética.
- Senilidade – envelhecimento leva a atrofia muscular, pois reduz a utilização.
- Compressão – neoplasias comprimem grupos musculares que não conseguem exercer suas funções.
4.2. Hipertrofia
- Pode ser fisiológica em animais atletas.
- Ocorre o aumento do volume da fibra, aumento a sua capacidade de contração.
- Costuma ser uma alteração compensatória por maior uso por atividade atlética ou para compensar algum grupo muscular ou membro afuncional.
- Possui maior numero de miofibrilas (unidade contrátil das fibras musculares).
5. Degeneração hialina
- Tumefação celular.
Macro:
- Palidez difusa ou estrias pálidas espalhadas (calcificação secundária das fibras lesionadas – ranger ao corte).
Micro:
- Tumefação e hipereosinofilia com perda das estriações transversais.
- Infiltração de células inflamatórias e fragmentação de material contrátil.
6. Miopatia nutricional
- Doença do músculo branco.
- Acomete bovinos, ovinos, cavalos e suínos.
Causa: Deficiência de Vitamina E e selênio.
- Ocorre em animais jovens gerando degeneração de fibras musculares.
- A ambulação destes animais estará rígida e arrastada, animal fica em decúbito e com respiração difícil, gerando insuficiência respiratória.
- Terá a presença de mioglobina na urina (mioglobinúria) devido à degeneração das fibras musculares.
Macro:
- Calcificação intensa da musculatura.
- Focos, manchas e estrias branco-opacas (músculos esqueléticos e miocárdicos) – coxas, ombros, língua e pescoço.
Micro:
- Miofibras hipercontraídas, maiores que as adjacentes, hialinas e hipereosinofílica.
- Sarcoplasma necrosado sofre calcificação e ocorre a invasão de macrófagos.
7. Miopatia induzida pelo exercício
- Rabdomiólise eqüina – Branda.
- Azotúria (doença da manha de segunda feira) – Fatal.
- Cavalos que repousam alguns dias após trabalho, ao retomar o trabalho apresentam tremores, sudorese intensa e decúbito.
Macro:
- Focos de cores alteradas e hemorragias.
- Degeneração e necrose das miofibrilas que ficam fragmentadas, hialinas, eosinofílicas e tumefeitas com perda das estriações.
8. Miopatias tóxicas
- Inflamação da musculatura.
- Reação que ocorre no tecido intersticial do músculo.
- Ocorre um influxo de células inflamatórias, liquido seroso, congestão vascular, proliferação de células do tecido intersticial. Lesão secundaria nas fibras musculares.
9. Miosites
- Reação no tecido intersticial por influxo de células inflamatórias e líquido seroso, congestão vascular, proliferação das células do tecido intersticial.
Tipos de miosites:
- Hemorrágica: Predomínio de sangue
- Necrosante: Predomínio de necrose
- Supurativa: Predomínio de infiltrado inflamatório pela presença de neutrofilos e pus (exsudato inflamatório purulento) e debris celulares
- Eosinofílica: Predomínio de infiltrado eosinofílico
- Granulomatosa: Formação de granulomas ex. tuberculose.
Pode ser aguda, subaguda ou crônica
- Aguda: Predomínio de PMN
- Subaguda: PMN e MN
- Crônica: Predomínio de MN
Costuma ocorrer por agentes infecciosos - Miosite clostridial: edema maligno e cabúnculo sintomático (necrose é mais intensa): edema, hemorragias, formação de gás, degeneração e necrose das miofibrilas.
10. Miosites parasitárias:
- Toxoplasma gondii - degeneração e necrose das miofibrilas e infiltrados de neutrófilos, histiócitos, plasmócitos e linfócitos.
- Sarcocystes spp. - Esporocisto geralmente não gera inflamação ou gera uma inflamação branda, infecções geralmente são inaparentes e consistem em achados de necropsia.
11. Miosite mastigatória eosinofílica
Macro:
- Manchas verdes bem demarcadas
- Hemorragias
Micro:
- Agregado de eosinófilos
- Alterações hialinas e vacuolares em miofibrilas
Processo crônico: presença de macrófagos, fibrose e calcificação.
12. Carbúnculo sintomático
Macro:
12. Carbúnculo sintomático
Macro:
- Músculos tumefados, de cor vermelho-escura,porosos, esponjosos e secos.
- Presença de bolhas de gás.
- Exsudato gelatinoso de cor amarelada.
Micro:
- Necrose.
- Hemorragias.
- Eritrócitos lisados.
- Pequenas coleções de células inflamatórias.
13. Neoplasias
- Rabdomioma (benigno).
- Rabdomiossarcoma (maligno).
- Muito raras e acometem musculatura esquelética.
- Observam-se células poligonais e alterações nucleares características de células neoplásicas.
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