terça-feira, 2 de agosto de 2011

Patologias da Tireóide

1. Distúrbios do desenvolvimento

a) Tecido tireoidiano aberrante ou ectópico (ou acessório)

  • Tecido acessório, que pode se localizar até mesmo próximo à base do coração. O tecido é funcional. Pode só estar fora do local ou ter a tireóide no seu local habitual, porém com um tecido tireoidiano acessório num outro local.


b) Cisto tireoglosso

  • A estrutura embrionária que origina a tireóide é o ducto tireoglosso. Porém alguns remanescentes dessa estrutura podem permanecer na forma de cistos, constituído por epitélio.
  • Não é produtivo.


2. Atrofia folicular idiopática


  • Ocorre em cães, de causa desconhecida. A tireóide fica com tamanho reduzido envolta por tecido adiposo.

Macro:

  • Tireóide pequena, composta predominantemente por tecido adiposo.
Micro:
  • Poucos folículos, esparsos, contendo pouco colóide.
  • Proliferação de tecido adiposo.
Clínica: hipotireoidismo (porque há diminuição da produção hormonal).

3. Tireóide linfocitária
  • Caráter auto imune.
  • Ocorre em cães.

Macro:
  • Diminuição do tamanho da glândula (degeneração e necrose das células foliculares – diminuição do número de folículos).
Micro:
  • Infiltrado inflamatório difuso de linfócitos, plasmócitos e macrófagos; folículos em menor nº.
  • Substituição por tecido conjuntivo fibroso em algumas áreas (em casos mais avançados).
  • Deslocamento e destruição de folículos.
  • Colóide no interstício.
  • Presença de colóide nos macrófagos e células gigantes.
4. Bócio

  • É o aumento da tireóide, não inflamatório e não neoplásico. Ocorre hipertrofia e hiperplasia das
  • células foliculares.
a) Bócio simples/ hiperplásico/ coloidal/ atóxico difuso – todos se referem ao mesmo tipo. Pode ocorrer por deficiência de iodo (não comum na Veterinária), plantas do gênero Brassica (causa deficiência da produção dos hormônios tireoidianos), ausência de enzimas relacionadas à síntese de T3/ T4 (é congênito).

Macro:
  • Aumento uniforme da tireóide.
Micro:
  • 1ª fase – bócio hiperplásico (aumento do nº de folículos, mas cada um deles armazenando pouco colóide. O epitélio simples aumenta seu nº de camadas e há formações de projeções papilares para o centro do colóide).
  • 2ª fase - bócio coloidal
b) Hiperplasia multinodular
  • Comum em gatos. Causado pelos mesmos fatores citados acima.
Macro:
  • Vários nódulos de tecido glandular.
Micro:
  • Nódulos constituídos por folículos hiperplásicos (várias camadas de tecido epitelial com projeções papilares).
c) Bócio tóxico
  • Aumento da produção de hormônios (na “a” e na “b” não há). Não é freqüente na Veterinária, mas já foi descrita em gatos.
Causa hipertireoidismo.

5. Neoplasias
  • Originadas das células epiteliais foliculares, no tecido conjuntivo presente na tireóide, mistas (células foliculares + células “c”) ou de metástases de tumores originadas em outros órgãos.
5.1. Neoplasias primárias
a) Adenomas
  • São tumores benignos, circunscritos, encapsulados, geralmente solitários, produtores ou não de hormônios.
Tipos (baseados no aspecto micro):

- Adenoma folicular: composta por microfolículos e células foliculares são bastante semelhante às células normais. Nos folículos pode não existir colóide, ou pode existir muito ou pouco.
- Adenoma trabecular: padrão sólido de células podem formar fileiras ao longo de finas traves de tecido conjuntivo.
- Adenoma papilar: formação de projeções papilares em direção ao centro dos folículos.
- Adenoma cístico: formação de cistos.

b) Carcinomas
  • São tumores malignos, podendo apresentar cápsula bem definida, que é invadida por células e vasos sanguíneos. Podem causar metástase. São semelhantes às células do tecido normal apresentam pleomorfismo (arredondada, fusiforme), hipercromatismo nuclear, mitoses anormais.
Tipos:
- Carcinoma folicular: há a formação de folículos de tamanhos e formas diferentes.
- Carcinoma sólido ou celular compacto: massas sólidas, podendo ter alguns folículos dispersos.
- Carcinoma papilar: grandes projeções papilares, com perda das características dos folículos.
- Carcinoma anaplásico ou indiferenciado: forma mais grave, com maior grau de malignidade. Perda total das características dos folículos (pode ter células grandes com amplo citoplasma, pequenas com citoplasma escasso, fusiformes).

c)Adenomas das células “c” ou medular
  • Formação de ninhos de células “c” em meio aos folículos, com citoplasma abundante, de coloração clara. Podem ser produtores de calcitonina ou não, mas não trazem alterações clínicas para o animal.
d) Carcinoma de células “c” ou carcinoma medular
  • Células “c” têm pleomorfismo, estão dispersas entre os folículos. Podem produzir calcitonina ou não, sem trazer alterações clínicas para o animal. 
e) Mistas da tireóide
  • Origem nas células foliculares e células “c” - formação de folículos + ninhos de células “c”.
f) Neoplasias mesenquimatosas
  • Origem no tecido conjuntivo da tireóide - fibromas, fibrossarcomas; o tecido conjuntivo pode sofrer metaplasia para os tecidos cartilaginosos ou ósseos, originando condrossarcomas ou osteossarcomas.
5.2. Neoplasias secundárias
  • São metástases. Já foram descritos carcinomas epidermóides e linfossarcomas.
6. Quadros clínicos

a) Hipotireoidismo – letargia, apatia, intolerância ao frio, ganho de peso, problemas dermatológicos (alopecias simétricas), intolerância ao exercício.

b) Hiertireoidismo – hiperatividade, alteração de comportamento (animais mais excitáveis e irritáveis), magros (com apetite normal ou aumentado), intolerância ao calor.

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