- Tais alterações ocorrem fundamentalmente em 2 situações:
- Aberrações cromossômicas.
- Distúrbios hormonais de origem genética ou não.
O hermafrodita ou indivíduo com características de interssexualidade é aquele que possui órgãos genitais masculinos e femininos.
2. Hermafroditismo
- Indivíduo dotado de 2 sexos distintos anatômica e funcionalmente.
2.1. Hermafrodita verdadeiro
- Apresenta gônadas e vias genitais internas de ambos os sexos.
- Uma gônada pode ser o testículo e a outra o ovário, ou ambos apresentam tecido ovárico e testicular, o que caracteriza um ovotestis.
- As vias genitais externas são quase sempre femininas, com vulva rudimentar e clitóris hipertrofiado, semelhante a um pênis.
- Os hermafroditas verdadeiros são muito mais comuns em suínos e caprinos do que em outras espécies.
Características anatomo-patológicas
- Hermafroditismo verdadeiro – gônadas masculinas e femininas, vias genitais internas masculinas e femininas e vias genitais externas femininas.
- Pseudohermafrodita macho – gônadas masculinas, vias genitais internas femininas e vias genitais externas masculinas rudimentares.
- Pseudohermafrodita fêmea – gônadas femininas, vias genitais internas masculinas rudimentares e vias genitais externas femininas rudimentares.
3. Freemartinismo
- São quimeras XX/XY que se desenvolvem como conseqüência da fusão da circulação corioalantóidea em gestações gemelares em que haja um feto do sexo masculino e outro do sexo feminino, gerando masculinização da gônada feminina.
- Em bovinos, 92% das gêmeas de macho são freemartin.
Determinação da ocorrência
- Liberação de 2 oócitos, sendo um deles fecundado por espermatozóide X e outro Y.
- Implantação de heterossexos no útero.
- Anastomose de vasos coriônicos.
- Modificação na organogênese feminina.
Características morfológicas
- Gônada semelhante a um testículo, com folículos em crescimento e folículos anovulatórios.
- Medular bastante desenvolvida, com estruturas semelhantes aos túbulos seminíferos, com células de Sertoli e células de Leydig.
- Tuba uterina ausente ou semelhante ao epidídimo. O útero não se desenvolve
- completamente.
- Cérvix está ausente (normalmente).
- A vagina é pouco desenvolvida (correspondendo a 1/3 do comprimento de uma vagina normal).
- A vulva é pouco desenvolvida (com tufos de pêlos). O animal apresenta o clitóris bem desenvolvido e proeminente.
Patologias da bolsa escrotal
1. Hidrocele
- Presença de líquido aquoso na bolsa escrotal. Causas: edema generalizado (por diferença entre pressão oncótica e osmótica).
2. Hematocele
- Pode ser decorrente de traumatismo ou secundário a um hemoperitôneo.
3. Dermatite escrotal
- É freqüente e normalmente inespecífica (porque geralmente é por contato). Pode levar à degeneração testicular por compressão ou por elevação Tº local.
Patologias dos testículos
1. Alterações do desenvolvimento
- Monorquidismo
- Anorquidismo
- Criptorquidismo – freqüente em eqüinos e caninos:
- Migração estimulada hormonalmente.
- Deficiência de LH e FSH também pode estar envolvida.
Mecanismos responsáveis pela descida
- Ausência do desenvolvimento do gubernáculo.
- Desenvolvimento anormal deste.
- Crescimento excessivo e ausência ou retardo na regressão dele.
Testículo retido
- Diminuição do volume.
- Coloração escura.
- Hipoplasia total com degeneração do epitélio seminífero.
- É afuncional sob o ponto de vista espermatogênico.
- Suscetível ao desenvolvimento de neoplasias (sertolioma).
- Criptorquida bilateral (estéril) e unilateral (subfértil).
2. Hipoplasia testicular
- Mais comum em touros, cavalos e varrões.
- Acomete mais o lado esquerdo, mas também pode ser bilateral.
- De caráter hereditário.
- Dividido em 2 tipos:
- Moderado (parcial):
- 50% dos túbulos são hipoplásicos.
- Bilateral (sptz com pouca motilidade; diminuição da taxa de fecundação).
- Total (grave):
- Totalidade dos túbulos são hipoplásicos.
- Testículo diminuído de tamanho (oligoespermia ou azoospermia).
3. Degeneração testicular
- Principal causa da redução da fertilidade nos machos – inespecífico: várias causas
- (traumatismos, inflamações).
- As causas estão relacionadas com processos patológicos mais generalizados.
- Varia de discreto a severo.
- Pode ser uni ou bilateral (causas sistêmicas).
Macro:
- Fase inicial: testículos com consistência flácida, tamanho normal ou discretamente diminuídos de volume e com coloração pálida.
- Evolução: torna-se diminuído de volume, consistência firme, resistente ao corte devido ao aumento do conjuntivo intersticial e pode ocorrer mineralização de túbulos seminíferos.
Micro:
- Caracteriza-se por degeneração de espermátides.
- Espermatogônias com citoplasma vacuolizado e com núcleo picnótico.
- Alguns túbulos com ausência total do epitélio seminífero.
- Proliferação de tecido conjuntivo fibroso, que invade e destrói os túbulos seminíferos nos casos avançados.
Causas:
- Aumento da temperatura – dermatite escrotal, excesso de gordura escrotal, edema, hidrocele, periorquite, aumento da Tº ambiente persistente.
- Infeccções ou traumas – orquite infecciosa ou traumática.
- Nutrição – deficiência de vitamina A e proteínas. Não atuam diretamente na gônada; a deficiência de vitamina A leva à degeneração através da diminuição da secreção de FSH e LH pela hipófise.
- Lesões vasculares – torção ou compressão do cordão espermático, obstrução embólica da artéria espermática.
4. Alterações inflamatórias
4.1. Orquite
- As mais importantes são as bacterianas, principalmente aquelas causadas pela brucelose.
- Vias de acesso: hematógena (mais comum) ou por extensão através do ducto deferente decorrente de uretrite, prostatite ou pela vesícula seminal. Neste caso a orquite é quase sempre precedida de epididimite.
Macro (Brucelose):
- Bolsa testicular apresenta-se aumentada de volume.
- Edemaciada e hiperêmica.
- Ao corte observa-se exsudato fibrino purulento ou hemorragia junto à túnica vaginal e à albugínea.
- Testículos aumentados de tamanho, flácidos e no parênquima áreas de hemorragia e necrose podem ser vistas.
- Nos casos crônicos há ainda proliferação de tecido conjuntivo fibroso e formação de abscesso.
Micro (Brucelose):
- Necrose de caseificação.
- Envolvida por macrófagos, linfócitos e cápsula conjuntiva.
Obs.: em cães as orquites são quase sempre por extensão de cistite, uretrite, prostatite ou epididimite, sendo geralmente causadas por E.coli (infecção ascendente do trato urinário).
5. Neoplasias testiculares
- Cães e touros idosos.
- Diferenciação macro é difícil, porque são bastante semelhantes.
5.1. Leydigocitoma
- Autores não consideram este tumor hormonalmente ativo.
- Uni ou bilateral.
- Múltiplo ou solitário.
Macro:
- Encapsulado – benigno.
- Amarelado.
- Bastante vacuolizado.
- Áreas de hemorragia.
Micro:
- Células arredondadas com citoplasma granuloso.
- Vacuolização intensa.
- Hemorragia focal.
- Áreas de necrose que envolvem a massa neoplásica.
- Hiperplasia de células intersticiais - lesão pré tumoral.
- Cápsula conjuntiva.
- Túbulos seminíferos adjacentes atrofiados.
5.2. Sertolioma
- Freqüente em testículos criptórquios.
- Aumento de volume do órgão.
- Hormonalmente ativo – feminilização:
- Alopecia simétrica bilateral.
- Atrofia do pênis e do prepúcio.
- Perda da libido.
- Atração por outros machos.
- Ginecomastia.
Macro:
- Formações nodulares grandes.
- Espessa cápsula conjuntiva.
- Consistência firme.
- Coloração esbranquiçada.
Micro:
- Estroma conjuntivo (consistência e resistência).
- Citoplasma alongado,acidófilo.
- Núcleo alongado,basal e hipercromático.
5.3. Seminoma
- Criptorquidismo.
- Cães idosos.
- Células germinativas.
- Até 6 cm de diâmetro.
- Caráter invasivo (maligno).
- Raramente há metástases (embora tenha potencial para isso).
- Coloração esbranquiçada.
- Consistência mole.
- Deixa fluir líquido viscoso.
Micro:
- Células grandes.
- Citoplasma granuloso e acidófilo.
- Núcleos grandes.
- Áreas de necrose em infiltrado linfocitário.
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